História
Branquinho da Fonseca, conhecido escritor português do Século XX fundou algumas revistas prestigiadas entre as quais a revista Presença, em parceria com José Régio que permanece no projecto até ao seu fim. Branquinho da Fonseca assume a direcção da revista mas acaba por abandonar esse cargo na edição nº 27, em 1930. Colaboraram na Presença, entre outros, Adolfo Correia Rocha (um dos mais importantes escritores portugueses, mais conhecido pelo seu pseudónimo Miguel Torga), Edmundo de Bettencourt, Vitorino Nemésio e João Gaspar Simões. A partir do nº 33, a revista passou a contar com a direcção de Adolfo Casais Monteiro até Novembro de 1938. No ano seguinte a revista foi reformulada, iniciando‐se uma nova série com um formato maior e com mais páginas. O secretário da revista é Alberto de Serpa mas publicam‐se apenas dois números, Novembro de 1939 e Fevereiro de 1940. Linha editorial
A Presença defendeu a criação de uma literatura mais viva, livre, oposta ao academismo e jornalismo rotineiro, primando pela crítica, pela predominância do individual sobre o colectivo, do psicológico sobre o social, da intuição sobre a razão. Elegendo como ʺmestresʺ os artistas da Revista Orpheu, muitos dos quais ainda colaboraram na Presença, a revista foi importante na difusão de uma segunda fase do Modernismo, usualmente designado por ʺSegundo Modernismoʺ, mais crítica que criadora. Destaca‐se o espírito crítico não só dos fundadores, como também de Albano Nogueira e Guilherme de Castilho, bem como de colaboradores doutrinários como José Bacelar, José Marinho, Delfim Santos, Saul Dias, Fausto José, Francisco Bugalho, Alberto de Serpa, Luís de Montalvor, Mário Saa, Raul Leal e António Botto. A revista divulgou nas suas páginas vários autores do chamado ʺPrimeiro Modernismoʺ tendo como figuras tutelares as personalidades de Fernando Pessoa, Mário de Sá‐Carneiro, Almada Negreiros e Afonso Duarte, contando ainda com a colaboração de António de Sousa, Irene Lisboa (com alguns poemas já em prosa), Vitorino Nemésio, Pedro Homem de Mello, Tomaz Figueiredo e Olavo de Eça Leal. Todos eles se destacam sobretudo na poesia (marcada por um certo ʺlirismo provençalʺ), sendo António de Navarro quem mais directamente prolonga a herança poética da ʺOrpheuʺ nesta revista. A poesia de alguns ʺpresencistasʺ esteve na base dos textos e das composições do Fado de Coimbra e do Fado cantado por Amália Rodrigues.
Na revista divulgaram‐se também as principais obras de escritores europeus da primeira metade do Século XX, tais como Marcel Proust, André Gide, Paul Valéry, Guillaume Apollinaire e Pirandello. As páginas da Presença serviram ainda para a promoção e intercâmbio literário com vários poetas e prosadores brasileiros, à margem das iniciativas oficiais.
Depois de estudar como era a revista Presença, que assuntos apresentava, quem eram os participantes... tive que propor um re-design novo mas mantendo o espírito da revista.
Conceito e Desenvolvimento
O número escolhido para a realização deste projecto tem a particularidade de ter um público alvo erudito, e por isso, selecto.
Os temas principais situam-se principalmente no campo da Literatura e Arte, com base na argumentação, desta forma, estão presentes massivas quantidades de texto.
A nível gráfico, cheguei á seguinte conclusão:
- Nome da revista em tipo caligráfica e em caixa baixa.
- Utilização de estiletes para delimitar áreas.
- Utilização de tipo com serife, e os títulos em caixa baixa.
- A grelha organiza-se em duas colunas com texto, e o título em cima. Entre as colunas, por vezes, um estilete.
- Bicromia, e inexistência de ilustrações/fotografia.
- Revista num formato idêntico ao A3.
Decidi criar uma revista em A5 para que fosse fácil de transportar. Outro pormenor que tive em conta, sendo uma revista cultural e apreciada por leitores de livros, anexar marcadores de página onde incluí alguma poesia, seriam bastantes úteis.
Para cada tema retirei as ideias principais para as fotografias utilizadas na re-edição da revista, em que, são todas da minha autoria.
Decidi manter alguns pontos em comum com a revista anterior como a caixa baixa no nome da revista, e utilização de um tipo com serife para os textos.
Resultado Final
O meu objectivo seria fazer uma revista o mais económica possíveis mas mantendo a qualidade, como tal, tería que utilizar só uma cor (preto, ciano, amarelo, ou magenta), imprimir num papel muito fino (papel de jornal), e agrafar em vez de encadernar. Ora, isto era praticamente impossível fazer-se com fotografias, porque a uma só cor, ou a duas perdia-se muita informação, e o papel assim tão fino, não aguentava e ficaria enrugado. Para além disso, um papel tão fino estraga-se muito facilmente.
Então, decidi utilizar todas as cores, mas poupava na encadernação e no material, isto é, agrafar para aglomerar as folhas, e papel de 100gr. para as folhas interiores e de 200gr. para a capa.
Para a tipografia, decidi manter o serife para manter algumas características da revista anterior e, por haver grandes quantidades de texto e num formato pequeno, é menos cansativo e mais legível um tipo serifado. Escolhi para os títulos, o tipo Perpetua por ser serifado mas com um serife arredondado, dando algum estilo. Para os textos, escolhi o tipo Palatino Linotype, por ser um tipo testado ao longo dos tempos e muito legível em tamanho pequeno.
A capa tem os títulos principais e os mais atractivos como a Música, Teatro e Cinema, e como tema de destaque Introdução de uma Estética Pragmatista.
Como foi referido anteriormente a utilização do tipo Perpetua para o nome da revista, e os restantes com Palatino Linotype.
A imagem transmite mistério e alguma teatralidade como um dos temas refere.
Os títulos estão alinhados do lado direito, e o nome da revista centrada na parte superior, e na parte inferior o tema de destaque.
A cor de fundo contrasta com os tons do rosto do modelo da capa.
O sumário é logo na 3ª página. Quiz manter uma linguagem sóbria e séria, mas dinamica (dada pela inclinação da ilustração - fotografia tirada no MUSAC -, pelas barras onde contem os números de página e pela disposição irregular dos títulos.
Grelha com título alinhado ao texto.
Uma única coluna, alinhada á esquerda.
Utilização de cores planas e de fotografia de uma ilustração do museu MUSAC (Museu de Arte Contemporânea de Leão e Castelo, Espanha). Esta ilustração está presente devido ao tema que o texto refere, o observador e a obra de arte.
Nestas páginas, que ficaram no meio coloquei uma paisagem dos Jardins do Museu de Serralves, de acordo com o tema, a Arte.
Para não perder a legibilidade do texto, coloquei dois planos brancos e inseri o texto em preto.
Introdução de frases de destaque com palavras-chave em negrito e dois pontos maiores. Excepcionalmente, nesta dupla-página, a frase em destaque ficou a branco por causa do fundo. Por norma, são a preto.
O separador de livros é destacável.
Estando o título de um lado com uma imagem ilustrativa.
O poema está do outro lado, como é possível ver na imagem seguinte.
O poema do destacável está alinhado à esquerda e em coluna.
Nesta dulpa página, do lado direito há uma margem preta para criar um elo de ligação com as páginas seguintes, porque é o tema maior e mais importante todas apresentam críticas literárias. Daí o papel amarrotado como ilustração.
Este projecto, foi o meu primeiro trabalho com design editorial. Agradou-me bastante o resultado final.
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